5 de abril de 2011

ACTO II

Cena Três

Francisca está no seu apartamento, sentada, a olhar para o vazio. Suspira de vez em quando, assobia, mexe-se como se sentisse desconfortável. Mexe no cabelo, anda pelo cenário, até que se deita no sofá. Olha constantemente para o telemóvel.
Para o público:
Francisca: Eu gosto muito dele, a sério. Quer dizer… Se eu não gostasse tanto dele, aguentaria eu esta espera louca que ele provoca? Este não responder a mensagens ou a chamadas apenas para dizer que está vivo? Não, ele não está com outra mulher. (pausa) Não está, e eu sei, porque o Tomé sempre prezou a fidelidade. Eu nunca o traí. Nunca. (pausa longa.) Mas quando o Carlos me segurou na mão como um verdadeiro cavalheiro tenho de vos confessar que um ligeiro arrepio me arrefeceu o corpo todo. Tenho de confessar que, por momentos, não sei… O Tomé, eu… Eu sei que não consigo viver sem ele, mas também sei que sinto isto porque de certa forma estou como que viciada nele. No seu cabelo, no seu corpo, no seu cheiro. Mas sinto que ele não pensa o mesmo e que me toma como garantida.
Tomé entra.
Tomé: Francisca, eu… eu…
Francisca roda lentamente sobre si, atónita.
Tomé: Francisca, eu não consigo mais. Eu vou sair de casa.
 Francisca e Tomé olham intensamente um para o outro, correm e abraçam-se. Beijam-se até que a luz se apague.

Luz.

Sem comentários:

Enviar um comentário