12 de abril de 2011

ACTO II

Cena Quatro

Quando a luz se vai ligando lentamente, Francisca e Tomé e  Luísa e Carlos, estão nos seus cenários respectivos. Tomé e Francisca sentados no sofá, Luísa e Carlos à mesa. Todos estão com o seu rosto compenetrado como se o ambiente fosse tenso e de cortar à faca.

Francisca: Bom.. (pausa)
Carlos: Bom… (pausa.)
Tomé e Luísa (em uníssono): Nesta situação não podemos ficar mais. Quero viver, quero sentir o sangue a fervilhar-me nas veias. Quero sentir-me…jovem.
Francisca: Tu tens 25 anos, Tomé. Desde que te conheço que me falas em criar uma família, em vivermos juntos, que era isto que tu querias da vida. Uma família.
Carlos: Pensava que querias uma família, Luísa.
Luísa e Tomé (em uníssono): Isto. ISTO. (batem com o punho na mesa) não é o raio de uma família. Não a família que imaginei.
Francisca e Carlos (pausa prolongada através de um suspiro longo): Não consigo perceber. NISTO, como tu dizes, eu é que podia ter razão de queixa. Tu, tu ignoras-me, brincas comigo como se um trapo eu fosse, tratas-me como produto garantido. E eu, eu deixo-me passar por burra(o) e jogo contigo esse teu jogo de sentimentos do qual as regras não me mostraste.
Francisca e Tomé olham-se longamente. Luísa e Carlos viram as costas um para o outro.
Francisca: Tomé. (continuam a olhar-se) Tu estás apaixonado por alguém?
Tomé: Tu és a menina dos meus olhos, mas eu quero ver o mundo.
Francisca e Luísa: Eu devia ser o teu mundo.
Tomé e Carlos: Mas não és a minha vida.

[continua]

Sem comentários:

Enviar um comentário