31 de maio de 2011

24 de maio de 2011

ACTO III

Cena Um


As luzes estão apagadas em ambos cenários. Lentamente, numa luz fraca, Carlos aparece no cenário do lado direito respectivo à sua personagem e à de Luísa. Ao mesmo tempo em que começa a acariciar o seu rosto, uma luz surge no cenário da esquerda. Começa-se por ver um corpo, o corpo de Luísa, mas na frente do seu corpo, de frente para o público surge uma nova silhueta. É o corpo de Francisca que permanece de olhos fechados, mas que se deixa ser seduzida pelas mãos de Luísa. À medida que as mãos de Luísa acariciam o corpo de Francisca, no outro cenário, Carlos, acaricia o seu corpo. A luz deve ficar cada vez mais forte. Quando se intensificar de tal maneira que provoque o público, Francisca deve gritar prazerosamente. Deixa-se cair no cenário com Luísa ambas a respirar afogueadamente. Carlos deve encarar o público até que a luz no seu cenário se apague.


Luz.

17 de maio de 2011

ACTO II

Cena Cinco

[cont.]


Francisca: Não. Carlos, você é o marido da Luísa, e eu gosto demasiado da Luísa para ceder aos seus jogos.

Luísa: Não. Tomé, você é o namorado da Francisca, e eu gosto demasiado dela para ceder aos seus jogos.

Carlos: Pois. Ela também gosta demasiado de si. É por isso que estou aqui.

Tomé: É, ela também gosta muito do seu marido. É por isso que estou aqui.

Luísa: Não entendi o que quis dizer.

Francisca: Não entendi o que quis dizer.

Tomé: Está sozinha?

Carlos: Está sozinha?

Luísa e Francisca não respondem, tentam fugir. Carlos e Tomé avançam sobre elas e, apesar de renitentes ao inicio, Luísa e Francisca acabam por beijá-los também.

Porém, enquanto Luísa tenta levar Tomé para a porta, para o expulsar, Francisca cede ao jogo de Carlos e deita-se calmamente no sofá, como que o seduzindo. Neste cenário a luz vai baixando, ouvindo-se apenas breves respirares mais profundos.

No cenário de Luísa e Tomé intensifica-se uma espécie de luta.

Tomé: Ah! Mordeu-me o lábio!

Luísa bate no rosto de Tomé.

Luísa: Como se atreve? Como se atreve a vir aqui e beijar-me? Sem me conhecer de lado nenhum?

Tomé: Vai dizer que não gostou?

Luísa: NÃO, NÃO GOSTEI.

Empura continuamente o corpo de Tomé para a porta.

Luísa: Vá-se embora de minha casa!

Tomé (malicioso, tentando agarrá-la à força): Não quer que eu fique? Olhe que posso ser o seu boy toy.

Luísa: Largue-me. Você deve estar sob efeito de drogas e não preciso de um boy toy.

Tomé (rindo-se maliciosamente e agarrando Luísa): É porque não precisa, não. Esses quarenta anos devem lhe pesar em cima, e já não deve ter festa há muito tempo.

Luísa (num empurrão só, leva a que Tomé saia e caia perante a sua porta): Tenho pena que a Francisca não saiba o porco que você é. (cospe)

Tomé: Deve julgar-se melhor que eu, não? Julga que não percebi as indirectas que lhe manda nos textos que pede para que ela reveja? Você deseja-lhe o corpo, aquele corpo que eu já possuí. Mas ela é uma sonsa, Luísa. E se a quer levar pra cama… Tem de lhe dizer na cara.

Luísa fecha a porta com estrondo. Ouve-se, ainda, a voz de Tomé.

Tomé: Mas, descanse, Luísa, que o seu segredo morre comigo. Ah! E vá em frente, tenho a certeza que a Francisca ia adorar que você a comesse.



Luísa (caída no chão): Porco, os homens são todos uns porcos (agarra o seu telemóvel).

 O telemóvel de Francisca, no outro lado, toca. Uma luz fraca ilumina o cenário.

Francisca: Sim, Luísa?

Carlos beija-lhe o pescoço.

Luísa: Preciso de si. Imediatamente.


Luz.