17 de maio de 2011

ACTO II

Cena Cinco

[cont.]


Francisca: Não. Carlos, você é o marido da Luísa, e eu gosto demasiado da Luísa para ceder aos seus jogos.

Luísa: Não. Tomé, você é o namorado da Francisca, e eu gosto demasiado dela para ceder aos seus jogos.

Carlos: Pois. Ela também gosta demasiado de si. É por isso que estou aqui.

Tomé: É, ela também gosta muito do seu marido. É por isso que estou aqui.

Luísa: Não entendi o que quis dizer.

Francisca: Não entendi o que quis dizer.

Tomé: Está sozinha?

Carlos: Está sozinha?

Luísa e Francisca não respondem, tentam fugir. Carlos e Tomé avançam sobre elas e, apesar de renitentes ao inicio, Luísa e Francisca acabam por beijá-los também.

Porém, enquanto Luísa tenta levar Tomé para a porta, para o expulsar, Francisca cede ao jogo de Carlos e deita-se calmamente no sofá, como que o seduzindo. Neste cenário a luz vai baixando, ouvindo-se apenas breves respirares mais profundos.

No cenário de Luísa e Tomé intensifica-se uma espécie de luta.

Tomé: Ah! Mordeu-me o lábio!

Luísa bate no rosto de Tomé.

Luísa: Como se atreve? Como se atreve a vir aqui e beijar-me? Sem me conhecer de lado nenhum?

Tomé: Vai dizer que não gostou?

Luísa: NÃO, NÃO GOSTEI.

Empura continuamente o corpo de Tomé para a porta.

Luísa: Vá-se embora de minha casa!

Tomé (malicioso, tentando agarrá-la à força): Não quer que eu fique? Olhe que posso ser o seu boy toy.

Luísa: Largue-me. Você deve estar sob efeito de drogas e não preciso de um boy toy.

Tomé (rindo-se maliciosamente e agarrando Luísa): É porque não precisa, não. Esses quarenta anos devem lhe pesar em cima, e já não deve ter festa há muito tempo.

Luísa (num empurrão só, leva a que Tomé saia e caia perante a sua porta): Tenho pena que a Francisca não saiba o porco que você é. (cospe)

Tomé: Deve julgar-se melhor que eu, não? Julga que não percebi as indirectas que lhe manda nos textos que pede para que ela reveja? Você deseja-lhe o corpo, aquele corpo que eu já possuí. Mas ela é uma sonsa, Luísa. E se a quer levar pra cama… Tem de lhe dizer na cara.

Luísa fecha a porta com estrondo. Ouve-se, ainda, a voz de Tomé.

Tomé: Mas, descanse, Luísa, que o seu segredo morre comigo. Ah! E vá em frente, tenho a certeza que a Francisca ia adorar que você a comesse.



Luísa (caída no chão): Porco, os homens são todos uns porcos (agarra o seu telemóvel).

 O telemóvel de Francisca, no outro lado, toca. Uma luz fraca ilumina o cenário.

Francisca: Sim, Luísa?

Carlos beija-lhe o pescoço.

Luísa: Preciso de si. Imediatamente.


Luz.

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